Dois acontecimentos recentes atingiram a cultura pirenopolina em nossa
cidade. Foi quando o Estado de Goiás deixou de repassar verbas para a
Feira Literária de Pirenópolis (Flipiri) e para o Canto da Primavera.
Provavelmente, também será atingida a Festa do Divino Espírito Santo no
ano que vem.
A Prefeitura Municipal, com seus parcos recursos, fez o possível para
salvar a Flipiri, mas sem previsão orçamentária, só pôde mesmo
contribuir com logística, participação de escolas etc., além do
interessante projeto do prefeito intitulado Paiol Literário, que é uma
casinha de madeira onde há livros que podem ser lidos e depois
devolvidos.
Há indícios de que a crise econômica que assola nosso País atingiu em
cheio o governo estadual. Prova disso são as obras paralisadas, o
pagamento do funcionalismo fora do mês trabalhado e as ações de
contenção de gastos. De qualquer forma, as manifestações culturais
pirenopolinas não podem ficar na dependência da melhoria da situação dos
cofres públicos, É preciso desvencilhar Estado e cultura logo, antes
que percamos o fôlego e pereçam nossas tradições.
A saída é a iniciativa privada, através de patrocínios, arcar com os
custos das festas populares e, em contrapartida, lucrar com elas. No
caso da Festa do Divino, por exemplo, a dependência do Estado de Goiás é
muito grande, quase essencial, num vínculo vicioso e nocivo.
Antigamente, o Imperador de Divino suportava sozinho o ônus dos
festejos, e se ele não tinha condições econômicas, não havia Cavalhadas e
seu cortejo era simples.
A partir da Goiastur, na década de 1970, o Estado tomou o espaço dos
festeiros e passou a açambarcar para si o custeio da festa. Confiantes
nas benesses do erário público, vários segmentos das comemorações de
Pentecostes que antes trabalhavam na forma de contribuição, passaram a
cobrar pela participação. Cito o exemplo dos integrantes da banda de
couro, o caixeiro, o fogueteiro etc. Até os cavaleiros começaram a
abusar das indumentárias porque recebem uma ajuda de custo estadual.
Tudo isso pode mudar de agora em diante. Sem o dinheiro do governo
estadual, nossas festas populares terão que procurar novos caminhos. A
ajuda da Prefeitura Municipal é indispensável para o sucesso da
continuidade cultural, mas a crise econômica atinge também os municípios
e modera significativamente a amplitude do auxílio.
Não há outra solução para a Pirenópolis da cultura popular - temos que
nos libertar da subordinação financeira do Governo de Goiás. Se o
dinheiro vier, excelente. Se não, a festa tem que continuar.
Adriano Curado
Nenhum comentário:
Postar um comentário