Já houve um tempo em que
eu me preocupava com fatos e acontecimentos ruins. Tinha grande
importância para mim as notícias que os meios de comunicação
despejam em nossa casa cotidianamente. Se um político era pego com
dinheiro corrupto, se um estuprador vitimava crianças, se pessoas
eram assassinadas e o caso caía no esquecimento, tudo isso me
causava profundo mal-estar.
Foi então que mudei meu
modo de ver a vida e lidar com os capítulos da história do mundo.
Conscientizei-me de que não poderia fazer nada pelas vítimas
assassinadas ou estupradas e de que o político corrupto teria contas
a acertar com a justiça. Enfim, parei de assistir noticiários e
passei a me dedicar à poesia.
A magia do belo entrou em
minha vida e mudou radicalmente todo meu ser. Sentei-me num parque
para ver a sinfonia das gargalhadas de um bebê, o brilho nos olhos
da menina que ganha a bola de sorvete, o casal de namorados que troca
confidências com risinhos, a jovem que conduz a idosa numa cadeira
de rodas para quentar sol.
Depois disso, minha
inspiração poética retornou e caudalosos textos agora fluem de
minha mente. Estou muito em paz por não me deixar levar pelas
mazelas humanas. É claro que não me abstraio por completo da
realidade, pois isso seria desastroso. Mas também me recuso a deixar
entrar por aquela porta os monstros que me assombravam noite afora.
Tudo que é belo, puro e
suave tem feito parte de mim ultimamente. É uma paz que não dá
para explicar. Creio que isso está relacionado com minha mudança
para o interior de Goiás. Pode ser. O fato é que não me sentia
assim tão bem há muitos anos. Lastimo o tempo perdido.
Adriano Curado
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