Joaquim Pereira Valle (Pirenópolis, 14.6.1841 – 15.11.1918) foi alfaiate, comerciante e incentivador do ensino pirenopolino. Quim
Pereirinha, como o conheciam, era filho do grande alfaiate pirenopolino
Alferes Joaquim Pereira Valle e de Rosaura Joaquina do Amor Divino. Em
14.6.1873, casou com Roduzinda de Faria Albernaz. Depois de ficar viúvo,
casou pela segunda vez com Rosa de Siqueira Mancini, que também era
viúva. Do primeiro casamento, teve as filhas Maria d'Abadia Valle
(Sinhá) e Lina de Faria Valle (Sinhazinha). Antes de se casar, teve as
filhas: Maria Honorina da Veiga e Ana Joaquina Pereira.
Sobre ele escreveu Jarbas Jayme (Família, p. 223/4): “cidadão prestimoso, gozava de lisonjeiro conceito em nossa terra, onde era muito respeitado. Foi um dos fundadores da Irmandade de S. Vicente de Paulo de Pirenópolis.”
Sobre ele escreveu Jarbas Jayme (Família, p. 223/4): “cidadão prestimoso, gozava de lisonjeiro conceito em nossa terra, onde era muito respeitado. Foi um dos fundadores da Irmandade de S. Vicente de Paulo de Pirenópolis.”
O casarão onde funcionou o colégio |
No
século dezenove, foi para o Rio de Janeiro e se especializou em
alfaiataria, comprou a primeira máquina de costura de Pirenópolis. De
volta à sua terra natal, trouxe muitas fazendas (tecidos). Os
vilaboenses vinham até Meia Ponte para encomendar fraques, casacas e
sobrecasacas com ele. Com grande tino comercial, acumulou considerável
fortuna, tanto que emprestava a juros, pois naquele tempo não havia
banco por aqui. Tornou-se um homem rico.
Era
um grande valorizador do ensino e por isso resolveu, ao lado do bispo
D. Prudência Gomes da Silva e do monsenhor Bruno Alberti Zugadi, vigário
de Pirenópolis, fundar um colégio na cidade.
Pereirinha
comprou o casarão que pertenceu aos herdeiros de Joaquim Alves de
Oliveira, reconstruiu sua fachada já em ruínas, fez várias adaptações e
melhoramentos, além de rigoroso asseio, e o ofereceu gratuitamente para o
funcionamento do colégio. Mandaram então buscar as irmãs da Congregação
Filhas de Jesus em Salamanca na Espanha. Pereirinha pagou do próprio
bolso a viagem de um emissário para buscá-las, depois as despesas do
deslocamento delas.
Na primeira casa à esquerda morou Pereirinha |
A
congregação católica Filhas de Jesus foi fundada pela irmã Cândida
Maria de Jesus em 08.12.1871, em Salamanca, na Espanha. Mas ela tinha um
projeto ambicioso, queria espalhar seus ensinamentos por todos os
continentes da Terra. Aqui no distante Planalto Central do Brasil, um
homem desejava que as mulheres pirenopolinas pudessem estudar, pois não
havia colégio para elas. Através de contatos, Pirenópolis se tornou o
primeiro local, fora da Espanha, a receber as freiras. Lê-se no site da
instituição: “A exclusão das mulheres e das classes menos favorecidas do
acesso à educação motivou Madre Cândida a iniciar este caminho. Logo
depois da fundação, a Congregação se estendeu por toda a Espanha. Mais
tarde, no dia 3 de outubro de 1911, enviou seis Filhas de Jesus com
destino ao Brasil (…)”. O benfeitor em nossa terra foi Joaquim Pereira
Valle (Quim Pereirinha), um homem muito rico, que decidiu investir parte
de sua fortuna em educação. Continua o site: “A primeira expansão
missionária fora da Espanha se deu em 1911, quando seis irmãs, enviadas
pela própria fundadora, atravessaram os mares em navio, e vieram para o
Brasil, estabelecendo-se em Pirenópolis, Goiás. Desde lá, o sonho de
Madre Cândida vem se concretizando sempre mais. Atualmente, a
Congregação Filhas de Jesus está presente em mais de 17 países nos
quatro continentes: Europa, América, Ásia e África.”
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Luiz Augusto Curado, genro de Pereirinha |
Era
29.9.1911 partiram de Salamanca as madres Manuela Azeue (superiora),
Dolores Estevan, Maria Sanchez e Vicenta Guilarte, que eram professoras,
além das ajudantes Josefa Macañaga e Antônia Altuna. Desceram no Porto
de Santos e chegaram a Pirenópolis depois vinte dias a cavalo.
Quando
elas chegaram e para incentivá-las, Pereirinha disse: “Se vocês ficarem
vinte anos, tudo isso aqui, casa, terreno, é de vocês”. Ao lado do
casarão há uma outra casa, que é onde ficou o capelão que veio com elas,
e também fazia parte do patrimônio que seria doado.
O
Colégio da Imaculada Conceição foi inaugurado em 8.12.1911 e
destinava-se a moças e crianças. Seu sucesso foi tão grande, que já no
ano seguinte foi elevado à Escola Normal. Vieram então mais três
religiosas para auxiliar nos estudos. Mas além do curso Normal,
ensinava-se ali o ensino primário destinado às crianças.
Funcionou
o colégio por quinze anos, e em 1926, foi fechado. Jarbas Jayme nos
explica o motivo: “escândalo público por ter conhecido médico da época
internado no educandário uma sua amante, como se fora sua pupila,
enquanto se ausentava em demorada viagem fora do Estado.” (Emboço, p. 243).
O
colégio então foi fechado por decisão da superiora geral e as madres
recolhidas à Espanha. Como não ficaram o tempo estipulado, o casarão
voltou para o patrimônio da família Pereira Valle.
É Patrono da Cadeira XXXVII da Academia Pirenopolina de Letras, Artes e Música.
Adriano Curado
Fonte:
JAYME, Jarbas. Esboço Histórico de Pirenópolis. Goiânia, Editora UFG, 1971. Vol. I.
___. Famílias Pirenopolinas (Ensaios Genealógicos). Goiânia, Editora Rio Bonito, 1973. Vol. I.
Entrevista com Luzia Curado, neta de Joaquim Pereira Valle.
Publicado originalmente em http://cidadedepirenopolis.blogspot.com.br/
Publicado originalmente em http://cidadedepirenopolis.blogspot.com.br/