Calor: flor e almíscar


Das tépidas águas nascidas das rochas, 
oriundas de fendas profundas, 
nasci ansioso de ar e odores.

Planeta tinha a crosta jovem 
como pele adolescente, suscetível 
a acnes e pústulas.

(Era assim, dizem os livros, 
a face brasilis em tempos 
do paleolítico).

Ante meus olhos, a serra; 
cicatriz na pele da Terra 
em minha terra natal.

E os estudos que contam 
das águas percoladas que brotam 
co chão com calor de vulcão.

E do longe, das escarpas 
doutras terras, noutra serra, 
a vida em rubr’anil de lavanda.

Vi-lhe fotos de rosto e paisagem, 
a encosta serrana, o sorriso em Simone 
e o indício do aroma:

Alfazema, disse ela; buquê 
de lavanda, feitiço de almíscar 
e de âmbar.

Termas o odores, nós ambos 
ante a flor de lavanda; 
e um som de Chico e Tom.

Poema do Acadêmico Luiz de Aquino.