Acredito que muitos que procuraram
Pirenópolis para o Carnaval se arrependeram. E não falo apenas da
ausência das marchinhas, mas também dos problemas que encontraram.
Quedas de energia elétrica e caos absoluto no trânsito já são
tradicionais e esperados. Agora, a falta de planejamento para receber o
turista, isso é de fato lamentável.
Continua
ausente uma política pública para se definir, com bastante
antecedência, como lidar com a problemática do número cada vez maior de
visitantes que procuram nossa cidade. Para os revoltados de plantão,
aqueles que querem a todo custo a pacata cidade dos tempos de outrora,
tenho uma lamentável notícia: o turismo é irreversível.
Então
temos que conviver com a nova realidade e adaptar a cidade para encarar
os inúmeros desafios que virão. Todos os dias temos novidades a nos
desafiar. E eu exemplifico com a queda de braço entre a cultura e o turismo.
Ambos se batem porque um precisa manter vivas as tradições locais e o
outro quer receber cada vez melhor o visitante. Por final das contas,
descobrimos que só há uma saída favorável: quando caminham de mãos
dadas, ou seja, tragamos para cá quem quer nos prestigiar e valorizar
aquilo que ainda temos. Só que esse deslocamento de visitas, chamemos
assim, tem que ser dentro das possibilidades do Município, sem exceder
os limites do bom senso, sob pena de arcamos com o prejuízo. Se em minha
casa cabem confortavelmente dez pessoas, não posso hospedar cem para
não me tornar um mau anfitrião.
De que vale a construção desse time share
na Quinta Santa Bárbara, com quase duas centenas de apartamentos, se
nosso trânsito é caótico, nossa luz acaba, não temos esgoto e nossa água
tratada está no limite? Pirenópolis agora está cheia de venderes que
abordam turista e os levam para uma palestra esclarecedora sobre
os tais apartamentos compartilhados. Prometem mundos e fundos, um
negócio perfeito e atrativo (por volta de 50mil parcelados em décadas),
mas se esquecem das restrições, moderações e limites da pequena Meia
Ponte.
Como
será nossa terra se a enchermos de empreendimentos imobiliários e não
cuidarmos da infraestrutura? É uma ilusão maliciosa propagar um
empreendimento intitulado autossustentável, que não usará luz e
água públicos, que terá outras vias para os carros etc. No final das
contas, acabarão por usar mesmo os serviços públicos porque a realidade
brasileira é assim.
Essa é a ressaca de Carnaval. Espero que este manifesto surta algum efeito, principalmente o da reflexão.
Acadêmico Adriano Curado
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