Os amigos já sabem - quando sumo é
porque estou no exercício do ofício de escritor. O grande Érico
Veríssimo dizia que ele ficava "grávido do livro". E é isto mesmo.
Primeiro vem a inspiração, depois a história começa a se formar na
mente, surgem personagens, cenários, enredos e por aí vai. Tem ocasiões
que o veio da inspiração tem que ser arquivado em alguma prateleira
mental, até que ocasiões mais propícias nos deem boa acolhida para
escrever. Digo isto porque, quando eu começo a trabalhar um novo livro,
tenho que me isolar e pôr para fora tudo que está no íntimo do meu ser. É
aí que sumo dos amigos.
Tenho
um processo de escrita bem peculiar. Muitos escritores fazem do texto
um ensaio que corrigem e reescrevem várias vezes, como o polimento numa
peça fosca a deixa brilhante. Comigo não é assim. Só me sento para
escrever quando estou com tudo na mente, um capítulo inteiro cheio de
detalhes e nuances. De carona com Pôncio Pilatos, também digo que "o que
escrevi está escrito". Não volto atrás, a oportunidade para isto foi lá
na fase de "gestar" a obra. Agora fica como está mesmo. Também não
tenho o costume de reler o que escrevi, para isto tem o revisor.
Neste momento, escrevo um novo romance de época, e consigo mentalizar costumes, paisagens, modas, linguajar, e se sento para compor um capítulo inteiro não posso ser interrompido, sob pena de a obra se perder.
Já
escrevi em outra postagem que tenho uma cabana na serra e é lá que me
refugio para ficar em paz com o livro. Sou meio desagradável nessas
ocasiões, antissocial, voado, alheio ao noticiário. Tudo que me
interessa é o romance, nada mais.
Esta é, então, a solidão do escritor.
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