Pela paz, sob o bom senso

Pela paz, sob o bom senso

Abro mão do meu espaço, cedo-o ao texto magistral 
de Ianá do Prado Garcia deixo aos meus 
leitores a incumbência de avaliá-la! O meu juízo, eu já o fiz.


Vai ser grande, sou prolixa!

Sim, eu votei na Dilma. Não, eu não recebo bolsa família. Sim, eu participei das manifestações e continuo querendo mudança. Não, eu não acredito que essa mudança viria com a vitória de Aécio Neves. Sim, eu acho que a alternância de poder é algo saudável. Mas não, eu não quis entregar o poder nas mãos de Aécio Neves. Sim, eu sou a favor da democracia. Não, eu não sou socialista/comunista e nem petista. Eu simplesmente li, me informei e escolhi quem eu achei que seria mais adequado no atual contexto.


Acho que essa eleição foi realmente histórica. É bonito ver as pessoas participando e querendo participar. Mas infelizmente falta informação, interesse em adquirir informação e educação. Política não é como futebol que você escolhe um time por paixão e defende ele mesmo quando é rebaixado. E xinga o coleguinha que torce para o adversário. Na política é permitido ser "vira-folha", desde que use os critérios certos para isso. Na política se analisa bom desempenho, dentre outras várias questões.

Ao contrário do que tenho lido, o fato de eu ter votado na Dilma não me impede de exigir melhorias. Muito pelo contrário. É o meu dever. É o dever de todo mundo. Não tem absolutamente nada a ver "votou, agora aceita". Claro que não. Muita coisa precisa ser feita. MUITA. E temos - todos - que continuar cobrando mudança independente do candidato eleito.

A mudança que eu desejo é muito mais profunda do que "foraPT". A mudança que eu desejo é interna, é em cada brasileiro. Mudança de hábitos, mudança de cultura, mudança de ideologia. Pensar coletivamente. Enxergar o próximo como seu semelhante. E essas eleições mostraram que independente do candidato eleito, nada tinha mudado.

Ouvi pessoas dizendo que deveriam "separar o Nordeste do Brasil". Sim, eu cheguei a ler isso. Na cabeça dessas pessoas o Nordeste já não faz parte do Brasil, né? E pergunto a essas pessoas: o que te faz pensar que sua situação te coloca em uma posição privilegiada? O que te faz pensar que seu voto/opinião vale mais? E o que te faz pensar se uma pessoa não pensa como você, ela só pode ser burra?

Eu não sou do Nordeste. E eu estudei a minha vida toda. E li bastante para escolher em quem votaria. Como eu disse, eu não estou satisfeita com a situação do meu país. Mas eu não me iludo a ponto de achar que algum candidato nos salvaria do monstro da corrupção. Ainda mais um candidato que coleciona escândalos em seu nome. Acho que o maior erro está aí.

Em 2002 estavam tão insatisfeitos com o FHC/PSDB que elegeram o Lula/PT. Foi o voto de protesto. Depositaram nele toda a esperança de que o Brasil apagaria os 502 anos de história suja, de um povo corrupto e mudaria. Assim, em 4 anos de governo. Reelegeram o Lula. Elegeram a Dilma. E agora, novamente insatisfeitos, acreditando que toda a sujeira e a corrupção é culpa do PT, queriam eleger o candidato que prometia o milagre de derrotar o monstro da corrupção. O candidato que pertence a um partido famoso por censurar a imprensa e calar a oposição e engavetar CPIs. Vimos isso aqui em Goiás.


Votei na Dilma porque ao contrário do que dizem, ditadura, pra mim, é não ter voz. É não ter oposição. E um povo que xinga a Presidente de "jumenta", "anta", que a vaia em um evento do porte da Copa do Mundo dizer que vive uma ditadura? Não, não sabemos o que é ditadura.

Que venha a mudança. Que sejamos a mudança. Que cobremos de nós mesmos da mesma forma que cobramos do outro. E que continuemos cobrando dos outros.

Paz!

* * *


Luiz de Aquino é jornalista e escritor, membro da Academia Goiana de Letras.

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