Tenho um grande amigo de
nome Aloísio Machado, mas eu o chamo de Compadre Ló. E o
compadresco da história se deve ao fato de eu ter sido, há uns
cinco anos atrás, padrinho de casamento de um filho seu, o Edgar.
Ele é uma pessoa muito simples e simplória, roceiro no amplo
sentido da palavra. Chega em minha casa, se acocora num canto, enrola
o cigarro de palha e começa a debulhar aquela prosa lenta e lerda de
sempre. Quase tudo que conta não pode ser levado a sério, gosta de
inventar situações, pessoas, causos etc. Mas não faz isso por
maldade, não. Ele deseja mesmo é alegrar o ambiente, fazer graça,
essas coisas.
Compadre Ló tem um
sítio vizinho de minha terra e não é raro eu reclamar de porcos e
bois seus dentro de minha cerca. Ele demora uns cinco dias para
responder e outros cinco para tomar providência. Enquanto isso, seus
animais ficam lá em casa, usufruem da pastagem e das acomodações
da fazenda. Eu não levo nada disso em conta porque sei que ele é
pobre e quando os recursos de sua terrinha se exaurem é que usa
desses estratagemas. Não tem maldade em suas ações.
Esta semana, Compadre Ló
adoeceu e foi para Goiânia fazer exames. Descobriu que está com
diabetes e agora terá que mudar sua alimentação, cortar rapadura,
toucinho, carne gorda etc. Seus filhos me pediram para buscá-lo na
capital goiana, pois ele estava sem condução para voltar a
Pirenópolis.
Cheguei lá e o
encontrei cabisbaixo, pensativo, certamente que preocupado com a nova
dieta médica.
―
Até a pinguinha o maldito me mandou cortar! ―
Reclamou
Eu tentava consolá-lo,
afirmava que é assim mesmo, mas só no início. Depois as coisas
entram no eixo e tal. Por essas alturas, ele já doido para chegar em
casa, paramos num engarrafamento. Só para o leitor entender o
comentário que se seguiu, explico que tenho um carro automático,
desses que o controle das trocas de marcha é feito através das
borboletas que ficam atrás do volante. Curioso, Compadre Ló me
perguntou o que era aquele dispositivo e eu lhe expliquei.
Quanto finalmente o
trânsito foi liberado, ele impaciente me solta essa pérola:
―
Compadre Adriano, dá dois
sopapos nessa barbuleta pra nóis arribar logo daqui!
Adriano
Curado
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