A tradição e o tempo


      
      Pirenópolis é uma cidade privilegiada porque fincada em sólidas bases culturais. A Festa do Divino é Patrimônio Imaterial do Brasil pela espontaneidade de seu povo, pelo envolvimento da população, todo mundo unido na vontade de fazer a festa acontecer. As manifestações culturais pirenopolinas passam de pai para filho e assim seguem pelos séculos afora. Se esse vínculo hereditário nunca se romper, daqui a duzentos anos, por exemplo, quem visitar a cidade assistirá às Cavalhadas, presenciará as palhaçadas dos Mascarados e se encantará com as Pastorinhas.

Foto: mochileiro.tur.br

       Nossa cultura já é suficientemente rica e completa. Não precisamos agregar mais nada ao folclore pirenopolino. Se permanecer tudo exatamente como está, já ficou bom. A tradição e o tempo devem caminhar juntos, de mãos dadas e com o compromisso do eterno.


       Por tudo isso, é perigoso introduzir inovações como Cavalhódromo, o centurião que toca piston antes da entrada dos cavaleiros, a numeração dos Mascarados e a restrição do seu trânsito pela cidade, etc. Não precisamos desse tipo de novidade e nem o queremos.

       Vamos valorizar o que temos em casa. O sabor da nossa cozinha, a melodia dos guizos e polacos, a afinação das Pastorinhas, o encantamento da Festa do Divino, e por aí vai.  Por que trazer gente de fora para se apresentar em Pirenópolis? Será que aqui não tem artista suficientemente bom? Por que promover internacionalmente a cidade, em eventos modernos, se ela já é suficientemente conhecida pelo valor do que conserva?

Adriano Curado