Luiz de Aquino Alves


LUIZ DE AQUINO ALVES
Patrono da Cadeira nº 17
Academia Pirenopolina de Letras, Artes e Música
  


Luiz de Aquino Alves
 
     Luiz de Aquino Alves (Pirenópolis 27.07.1898 – 8.2.1977), foi carpinteiro, juiz de paz, delegado de polícia, promotor de justiça, juiz de direito, vereador, dentista prático, professor, músico, cantor, ator, maestro e compositor.

      Era sexto filho, duma prole de oito, do sapateiro mineiro José Alves Florentino (Zeco Pinto) e da pirenopolina Maria Tomázia de Aquino (Mariquinha).

      Casou-se em 12.6.1920 com Ana das Dores Pereira, que faleceu em 30.10.1936. Aproximadamente dois meses depois (26.12.1936), casou-se pela segunda vez com Maria Pereira (Dendém), e deixou a seguinte descendência:

1ª Casamento: Israel, José Florentino, Luiz Tomaz, Ismael, Rute, Ismael II, Rigoleta.

2º Casamento: Rui, Brasil, Jerusa, Maria Genúsia, Luíza, Benedito, Lumar e Deusdedit.

 

Luiz é o 7º, sentado da esq. p/ direita, ao lado de Propício
  
     Ainda criança ficou órfão de pai e cresceu no convívio do rico ambiente musical da casa da avó Mariquinha, onde havia saraus que incentivavam o menino a gostar cada vez mais de música. Curioso, o pequeno Luiz começou a dedilhar sozinho um violão, instrumento pesado demais para sua pequena estatura e que o forçava a deitá-lo sobre a cama, como se fosse uma guitarra havaiana.

      Como o ambiente faz o homem, aos sete anos fabricou ele uma clarineta, para tocar valsas de ouvido, e certo dia, no aniversário de sua mãe, começou a acompanhar o conjunto musical que ali se apresentava. Mas o menino precisava aprender música, então seu tio Joaquim Tomaz de Aquino (alfaiate, músico de primeira e excelente ator teatral) ensinou-lhe a teoria musical e o presenteou com uma clarineta de verdade. Com a finalidade de aprender mais, passou a integrar a Banda Fênix de Joaquim Propício de Pina, quando trocou a clarineta pelo saxofone, e não tardou para se tornar o braço direito do mestre.

  

Mariquinha, mãe de Luiz
  
     Luiz de Aquino Alves era um gênio da música, com ouvido apuradíssimo, e Mestre Propício soube vislumbrar esse talento incomum em seu discípulo, que estimulou a aprender a tocar todos os instrumentos de metal da Fênix e assim se tornar seu afinador oficial. E quando Propício de Pina faleceu (em 1943), tanto a banda quanto o Coral da Matriz, já se encontravam sob a regência de Aquino.

  

Joaquim Tomaz de Aquino, tio de Luiz
 
     Luiz de Aquino era um homem de intensa vida social e cultivador das boas amizades. Desfrutava a vida com grande alegria e não abria mão dos pequenos prazeres, como caçar e pescar, jogar uma partida de canastra, contar piadas, tagarelar à toa com os amigos. Mas essas diversões acabavam por ocasião das festas mais importantes de Pirenópolis, quando então ele se dedicava com afinco aos ensaios da banda.

  


Residência de Luiz, na rua Direita, de azul

      O Brasil do pós-Segunda Guerra, no entanto, fortalecia o setor industrial (concentrado no litoral) em detrimento da agricultura (base da economia do Centro Oeste), isso empobreceu bastante Goiás e por consequência Pirenópolis. Neste período também se criaram três partidos políticos, a UDN (União Democrática Nacional) conservadora, direitista e anti-Vargas, o PSD (Partido Social Democrático) e o PTB (Partido Trabalhista Brasileiro), criados sob a inspiração de Vargas. Luiz de Aquino filiou-se ao PSD e a partir de então entrou numa verdadeira guerra, que sempre foi a política partidária de Pirenópolis – quem duvida que veja o filme Simeão, o Boêmio, direção de João Bênio.
  

Luiz e sua primeira esposa, Ana Pereira
 
     Ao assumir uma posição político-partidária em Pirenópolis, Luiz começou a ser perseguido, e isso somado ao fato de que a decadência econômica de Goiás já atingia em cheio a Banda Fênix, que só se reunia esporadicamente, culminou no seu injusto afastamento da corporação musical.

      Faleceu o velho maestro em 8 de fevereiro de 1977, aos 79 anos, e pediu aos filhos que não deixassem que a Fênix o acompanhasse ao túmulo. Seu desejo foi atendido.

 


Banda Fênix regida por Luiz, na década de 1950
 
     Deixou escritas composições maravilhosas, com rica harmonia e singulares arranjos, entre elas:

Rigoleta (Valsa, 1927)

Minha Esperança

Oswalda

Tudo por Amor

Balanço do Amor

Josefina

Luizinha

Jerusa

Selma

      No ano do seu centenário, a Sociedade dos Amigos de Pirenópolis prestou-lhe bonita homenagem, dentro do Projeto Tocando a Obra, na restauração da Matriz, quando então discursou seu neto Luiz de Aquino Alves Neto. É atualmente Patrono da Cadeira nº 17, da Academia Pirenopolina de Letras Artes e Música.

  


Zeco Pinto, pai de Luiz
 
     Vou me permitir um desabafo bem pessoal. Como que um músico da envergadura de Luiz de Aquino Alves cai assim no esquecimento? Ninguém se lembra mais dele em Pirenópolis, inclusive poucos familiares seus se interessam em divulgar sua história. Alguém com uma biografia como essa, um histórico de vida impecável, merecia, pelo menos, ser lembrado pelos atuais alunos da Banda Fênix, mas sei que nunca sequer ouviram falar dele. Quem explica isso?

  


Fonte:
Apontamento de Vera Lopes Siqueira;
Discurso de Luiz de Aquino Alves Neto, no centenário do maestro, em 25.07.1998.


Bibliografia:
Jayme, Familias, vol. III.
Jayme, José Sisenando. Pirenópolis, Humorismo e Folclore,, Edição do Autor, 1983.
Siqueira, Vera Lopes de. Tradições Pirenes., 2ª edição, Goiânia, Kelps, 2006.


Fotografias: as fotografias aqui expostas pertencem ao Acervo da Família Aquino Alves