Já era antiga a ideia de fundação
de uma academia de letras em Pirenópolis, mas nenhuma delas deu certo. Até que,
em julho de 1993, numa conversa entre o escritor Arnaldo Setti, de Brasília, e
Wilno Pompeu de Pina, no Hotel Quinta Santa Bárbara, renasceu os planos de
organizar um grupo de escritores em torno duma academia. Mais tarde, os dois
visitaram Maria Eunice Pereira Pina, que mantinha um museu em sua casa dedicado
às Cavalhadas, e obtiveram seu apoio. Os contornos da futura academia seriam
traçados naquele mesmo dia num chá na casa de Wilno, situada na rua Nova.
A
partir desse pontapé inicial, Maria Eunice abraçou a ideia e começou a
contactar pessoas para trazer o sonho à realidade. Para isso contribuiu
sobremaneira o jornalista José Raimundo Reis da Silva, morador de Brasília, mas
com casa na rua do Rosário, e que publicava na cidade, juntamente com Maria
Eunice, o jornal cultural Nova Era.
Para
que a academia nascesse, primordial foi o apoio e a experiência dos acadêmicos
da Academia de Letras de Brasília (Acleb), a mãe cultural da nossa Aplam.
No
dia 26 de março de 1994, na casa de Maria Eunice, foram traçados os planos
iniciais para a concretização do projeto da academia. Estavam presentes: Maria
Eunice, Arnaldo Setti, José Reis, Emílio Terraza, Natália de Siqueira, Wilno de
Pina e Adriano César Curado. Sob protestos, Setti bateu o pé para que, em vinte
dias, acontecesse a fundação da academia. Iniciou-se um corre-corre para dar
conta dos preparativos, convidar pessoas, elaborar estatuto, nome de patronos e
de acadêmicos. A denominação primitiva era Academia Pirenopolina de Letras e
Artes Jarbas Jayme.
Maria
Eunice, com uma pequena aposentadoria, arcava sozinha com as despesas e ainda
achava tempo para tocar o Museu das Cavalhadas, selecionar artigos para o
Jornal Nova Era e dar atenção para a família. Não fosse a ajuda do professor
José Jayme, que elaborou a lista de patronos, o exíguo prazo seria
insuficiente. Com Adriano Curado ficaram as postagens, a lista de contatos, a
impressão dos convites e a biografia dos patronos; para baixar os custos, e sem
que Maria Eunice soubesse, em vez de imprimir todos os convites, fotocopiou-os
em papel mais grosso, e no lugar de postar nos Correios, colocou os de
Pirenópolis debaixo das portas.
No
dia 16 de abril de 1994, depois de alguns ajustes, Arnaldo Setti, José Jayme e
José Mendonça Teles concluíram a lista de patronos e acadêmicos. Precisamente
às 17h00, no Museu das Cavalhadas, foi declarada fundada a Aplam.
Encontravam-se presentes: José Sisenando Jayme, José Mendonça Teles, Vera Lopes
Siqueira, Joaquim Thomaz Lopes, Ita e Alaor de Siqueira, Maria Inês Curado,
Jurema de Zé do Pina, Nilse Jacinto, Valdo Lúcio Cardoso, José Raimundo Reis,
Wilno Pompeu de Pina, Naziam Brandão, Adriano César Curado e cinco acadêmicos
da Academia de Letras de Brasília, a saber, Arnaldo Setti, Victor Tannuri,
Mauro Castro, José Carlos Gentili e Murilo Moreira Veras. Aos presentes foi
servida farta mesa de quitandas, doces e salgados, acompanhados de sucos e
licores.
Ninguém
contava com a presença do historiador Paulo Bertran, que recebeu o convite e
compareceu de última hora. Então foi-lhe dada a opção de escolher seu patrono e
ele optou por Urbano do Couto Menezes, por conta da fundação de Pirenópolis.
Naquela
mesma noite, precisamente às 20h30, no restaurante do Hotel Quinta Santa
Bárbara, presente grande número de convidados, Maria Eunice abriu a solenidade
com um breve discurso e em seguida passou a palavra a José Mendonça Teles,
presidente da Academia Goiana de Letras.
Teles
falou da presença da mulher na cultura goiana e pirenopolina, sitou Maria
Eunice, Cora Coralina e Mestra Silvina. Na sequência, Ana Maria, esposa de
Teles, leu a ata e comunicou que Pirenópolis já tinha uma Academia de Letras,
que também contemplava as artes em geral e a música. E sob aplauso,
considerou-se aquela a primeira reunião, enquanto que a posse seria noutra data
a ser marcada.
O
melhor da festa foi o discurso de José Jayme que, de cabeça, discorreu de forma
leve e engraçada sobre a biografia de todos os vinte e seis patronos. Aquela
foi sua última aparição pública, ele morreu pouco tempo depois. Também naquela
noite chegou a notícia da morte, em Goiânia, do professor, jornalista e
escritor Anatole Ramos.
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